Recomendo a leitura o livro “Matar para Não Morrer” da autora e especialista em História do Brasil Mary Del
Priore por que após consultar livros, periódicos e ter acesso a cartas e
bilhetes, do período de 1904
a 1951, Mary levou a público em 2009 o resultado de suas pesquisas sobre um dos assuntos mais
polêmicos entre as famílias brasileiras da época “Dilermando Cândido de Assis
foi o assassino do escritor brasileiro Euclides Rodrigues da Cunha ou Euclides
suicidou-se pelas mãos de Dilermando?”.
É na voz dos filhos, cartas e bilhetes o leitor
vai construindo passo a passo o desenrolar dos fatos do ponto de vista
emocional.
Em minha opinião, a qual certamente ainda preciso
amadurecer, Anna de Assis descobriu-se
apaixonada por Dilermando, motivo pelo qual não mediu esforços ou conseqüencias
para construir uma vida a dois diante de uma sociedade que justificava certas
ações públicas como “em defesa da honra”.
Uma
palavra que costuma aparecer com freqüência na obra “Matar para Não Morrer” é “fatalidade”. Confesso
que em momento algum faço a leitura de um só acontecimento que possa ser
sublinhado por tal significado. Fatalidade se origina da independência dos
desejos, emoções e ações da existência humana.
Também
é chamado o leitor a um momento de reflexão diante das seguintes afirmações
contidas na obra em questão:
“A
esposa tinha que ser a imagem pública da vida privada do marido.”
“Uma
verdadeira coerção social pressiona o indivíduo. Ninguém é obrigado a ser
poltrão e a reação se dá, por vezes, de forma exagerada.”
Recomendo
também, como forma complementar de informações sobre os episódios “Dilermando X
Euclides”, assistir aos vídeos “Desejo - minissérie brasileira - escrita por
Glória Perez” - TV Globo em 1990.